domingo, 13 de outubro de 2013

Ferida aberta



E a luz do sol mostra-se esquiva
Mantêm os fardos sobre as suas cabeças
Por que esta noite hão comer pedras
Que arricam com esforço do chão.
Bica-me mais uma vez
Antes de sangrar pelo nariz
Para que a súplica seja menos oprobriosa e amarga
Porque tens os beiços húmidos.
Emerge da terra uma pedra vermelha
Que prolongará este frio vento de escuridade
E me bicarás com os teus beiços frios
Dessa boca que tens por ferida
E fecharei os olhos enquanto juntamos os nossos corpos
E as nossas mentes desaparecerão entre as ruínas da memória.

Ficará do nosso encontro luxurioso
Uma estirpe de meio-homens dobrados e vencidos
De roupas ligeiras e sem consciência, embrutecidos e voraces,
Sem vontade de seu até o fim dos tempos.
A noite cobrirá os seus membros diminuídos
E as suas vísceras minguarão pela pestilência do veneno
E não choverá nem chegará a primavera.

Bica-me com teus beiços húmidos e frios.

Emerge da terra uma pedra vermelha
Que prolongará este frio vento de escuridade
E me bicarás com os teus beiços frios
Dessa boca que tens por ferida
E fecharei os olhos enquanto juntamos os nossos corpos
E as nossas mentes desaparecerão entre as ruínas da memória.
Ficará do nosso encontro luxurioso
Uma estirpe de meio-homens dobrados e vencidos
De roupas ligeiras e sem consciência, embrutecidos e voraces,
Sem vontade de seu até o fim dos tempos.
A noite cobrirá os seus membros diminuídos
E as suas vísceras minguarão pela pestilência do veneno
E não choverá nem chegará a primavera.

Bica-me com teus beiços húmidos e frios.

Ficará do nosso encontro luxurioso
Uma estirpe de meio-homens dobrados e vencidos
De roupas ligeiras e sem consciência, embrutecidos e voraces,
Sem vontade de seu até o fim dos tempos.
A noite cobrirá os seus membros diminuídos
E as suas vísceras minguarão pela pestilência do veneno
E não choverá nem chegará a primavera.
Bica-me com teus beiços húmidos e frios.

Bica-me com teus beiços húmidos e frios.


 O pó agarima os olhos com o seu sadismo natural
  
Mineiros do carbão. Gales. Aprox. 1900.